Passaram 10 anos desde que o corpo do João se rendeu.

Os corpos são assim. Desgastam-se, consomem-se, fragilizam-se, desagregam-se. Connosco ficou a imagem de um corpo elegante, gentil e cortês, partilhado com uma alma torturada por tantas dores que não mereceu, por tantos futuros que não viveu.

O João vivia a família com amor imenso e diligente e oferecia a amizade com genuína fraternidade.

Ao longo dos áridos dez anos que a secura da sua ausência plantou, recebemos abordagens de muitas pessoas que nos disseram do seu afeto pelo João e nos fizeram relatos indiscritíveis da forma como o conheceram e a ele se afeiçoaram, da sua hospitaleira generosidade, da sua preocupação com os outros. Da forma como, com o seu apoio desinteressado, concretizaram projetos, iniciaram carreiras, se projetaram no jornalismo, nas letras, como nas artes. Ou, da forma como com ele partilharam breves horas ou dias que os marcaram para o resto da vida.

Devemos-lhe uma homenagem.

É justo que o homenageemos, deixando um registo perene do modo como viveu.

Reuniremos tudo num site que ficará disponível para todos, para o recordarmos em conjunto e celebrarmos o filho, o irmão, o pai, o parente e o amigo cuja presença ausente continua a fazer-se sentir nas nossas vidas.


Trabalho Jornalístico

TESTEMUNHOS

TESTEMUNHOS

Devemos-lhe uma homenagem.

É justo que o homenageemos, deixando um registo perene do modo como viveu.

Por isso pedimos que partilhassem connosco o vosso caso. A história do encontro de cada um de vós com o João. O modo como ele vos marcou. Que nos enviassem fotos ou outros registos que tenham partilhado com ele, mesmo sob a forma oral.

Aqui está o resultado.

Todos vão 

Ao encontro das noites

luminosas

Por estrelas brilhantes

Coladas no céu azul

Todos vão 

Cantando aleluias

de felicidade

De voltarem alegremente

Às suas fogueiras

Todos vão

Cantando aleluia

de felicidade

Das mães 

Que esperam os seus

filhos

Todos vão 

Lançando passos

apressados

É o sinal dos felizes 

Que querem

Uma nova vida

Todos vão 

Com os bolsos cheios

De rosas brancas

Todos vão 

Oferecer

Às suas lindas

Enamoradas.

Poema escrito por João Van Dunem sob o pseudónimo Guilherme de Loanda na Casa Reclusão (1977-1978).

Texto recolhido pelo saudoso José da Piedade Agostinho que musicou o poema.